sábado, 22 de março de 2008

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Como você sabe, sou movido a paixões. Decidi revelar tudo nesse fragmento, pois não suporto mais meus sonhos, acordo pela manhã com um gosto amargo na boca, parece que a noite me envenena aos poucos e o dia começa morno e sinto tanta vontade de chorar que o cobertor parece pousar uma tonelada sobre o meu corpo. Se você estivesse aqui, mas você nunca está. Querido, você sabe, sou movido a paixões. Por favor, não entenda isso como vingança. Faço por amor, no limite do amor, quando fica tudo tênue, tudo quase se desmanchando e saio da cama devagar para escovar os dentes e lavar o rosto. Não, não me olho mais no espelho. Tirei todos os espelhos que haviam por aqui. Não me reconheço mais. Estamos evoluindo, estamos sim. Não me olhe como se eu fosse outro. Nossa história não se resolverá aqui. Querido, faltam alguns centímetros, mas agora não, aqui não. [a.v]

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