sábado, 22 de março de 2008

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Quando eu era menino, minha mãe arrumava meu cabelo antes de irmos para a igreja. Eu tinha pânico daquele altar. Observava muito todos os insetos, colecionava formigas, cigarras secas, vaga-lumes (joaninha, coração de Cristo em cada pintinha e a poesia relegada a outro dia. Acolho-te nesse vidro de maionese, minha doce joaninha, patética lembrança da perecibilidade dos cristãos e dos insetos. Não farei buraquinhos na tampa, se vire com o ar que tem aí dentro). Mataram o Cristo de um jeito tão (eu horrorizado olhando aquela cruz com todos aqueles espinhos pendurados na cabeça) horrível (e mamãe absorta na reza do terço), sórdido (e as joaninhas andando dentro da minha blusa). [a.v]

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