sábado, 22 de março de 2008

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Esse processo do café da manhã é doloroso, nunca acerto o açucar. Você não gosta do meu café. Naquela manhã não precisamos, pois a noite se prolongou. Chegamos tão juntos e tudo se fundindo, você me ama, tenho certeza que me ama, e se já não está mais aqui é porque... Não me interessa porque, já que você está voltando, faltam apenas alguns metros e umas poucas braçadas, eu posso sentir com meus olhos invisíveis. Naquela manhã, lemos poemas na cama e seu olhar generoso, nenhuma fúria, nada de pressa, tudo devagar, escorregando entre os panos, fora deles, perfeito. Aqueles poemas e você ouvindo. Você ouvia? Amor na ponta dos dedos, na ponta da língua. Amor de ponta, pois sempre fomos modernos, atualizados, sabemos de tudo. Do que se fazia antes, do que tem de novidade nos livros. Em matéria de sexo, acho que a literatura oriental é mais didática. Você se preocupa muito com a performance. Eu não. Não faço roteiros para uma noite de amor. Nunca dá certo, sempre tropeço no texto, não sei nada de cor. Tudo na minha vida é inventado, inclusive você. [a.v]

4 comentários:

Larissa Minghin disse...

Deu vontade de colocar isso em cena!

. Hugo Lima . disse...

hahaha...

(en)cene, então!
prazer grande ver uma paixão
(re)contruída em palco.

...

mah. disse...

Que absurdo!rs

. Hugo Lima . disse...

absurdo?! Õ.õ