Você sabe, sou movido a paixões. Fiquei envergonhado, como podia sentir aquilo, pensar, desejar todas aquelas coisas? Corri então para o lago e mergulhei, ninguém conseguia entender, acharam que talvez fosse só uma brincadeira, pois suicídio não era, sempre nadei muito bem. O lago era grande e dei muitas voltas, cinco mil metros, talvez. A cada braçada ia me livrando de você, da sua língua, seus versos úmidos cheios de desejo e seu olhar me queimava de longe. Sabia sim que você me olhava e batia com força as pernas e aumentava o ritmo das braçadas. O movimento do corpo na água agitava as coisas que descansavam no fundo e comecei a esbarrar em galhos e algumas plantas me envolviam e meus braços foram ficando dormentes, minha cabeça confusa, não sentia mais as pernas e percebi que não respondia mais por mim, agora era escravo da sua língua. Ninguém entendeu nada. [a.v]
sábado, 22 de março de 2008
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